É a palavra variável em gênero e número que precede um substantivo para determiná-lo de modo preciso (artigo definido) ou vago (artigo indefinido).
Os artigos classificam-se em:
Artigos Definidos: o, a, os, as.
Os artigos definidos determinam o substantivo de modo particular, indicando ser o substantivo já conhecido do leitor ou do ouvinte. A sua ausência generaliza o substantivo.
– O técnico elogiou jogadores de vários times.
A anteposição do artigo o ao substantivo técnico particulariza-o; já é do conhecimento do leitor o técnico de que o texto trata. Já a ausência do artigo os diante do substantivo jogadores generaliza o substantivo, indeterminando-o.
Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Os artigos indefinidos não determinam o substantivo de modo particular, e sim de forma genérica.
– O garoto pediu dinheiro. (Antecipadamente, sabe-se quem é o garoto.)
– Um garoto pediu dinheiro. (Refere-se a um garoto qualquer, de forma genérica.)
Emprego dos artigos:
1) Substantivação pelo artigo: Qualquer unidade linguística pode transformar-se em substantivo quando determinada pelo artigo o:
– O bom é que ele não percebeu o equívoco. (O adjetivo bom substantivou-se)
– Os dizeres do provérbio são enigmáticos. (O verbo dizer substantivou-se, por isso pluralizou-se)
Os vocábulos que e porque, quando substantivados, são acentuados.
O vocábulo que será substantivado quando precedido do artigo indefinido um. Seu significado será algo, alguma coisa:
– Ela tem um quê de mistério. (tem algo de mistério)
O vocábulo porque será substantivado quando precedido do artigo definido o. Seu significado será motivo, causa.
– Ninguém entendeu o porquê de tanta confusão. (ninguém entendeu o motivo, a causa)
Observação: Os vocábulos o, a, os, as não serão artigos, mas sim pronomes demonstrativos quando antecederem que ou de, com o mesmo valor de este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo e quando retomarem um adjetivo ou uma oração, com o valor de isso.
– Não entendi o que disse. (não entendi aquilo que disse)
– Não pedi que me trouxesse essa camisa, mas a que está sobre a cama. (aquela que está sobre a cama)
– Omisso? Já lhe disse que não o sou. (não sou isso)
– Os que desobedeceram às ordens do supervisor só o fizeram porque estavam confiantes na não punição. (só fizeram isso)
2) Ambos: Usa-se o artigo entre o numeral ambos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso.
– Ambos os atletas foram declarados vencedores. (Atletas é substantivo que exige artigo.)
– Ambas as leis estão obsoletas. (Leis é substantivo que exige artigo.)
– Ambos vocês estão suspensos. (Vocês é pronome de tratamento, que não admite artigo.)
Observação: Segundo o dicionário Houaiss, podem-se usar as locuções ambos os dois, ambos de dois ou ambos e dois em construção pleonástica.
3) Todos: Usa-se o artigo entre o pronome indefinido todos e o elemento posterior, caso este exija o seu uso.
– Todos os atletas foram declarados vencedores. (Atletas é substantivo que exige artigo.)
– Todas as leis devem ser cumpridas. (Leis é substantivo que exige artigo.)
– Todos vocês estão suspensos. (Vocês é pronome de tratamento, que não admite artigo.)
Se o elemento posterior for um numeral, haverá o artigo somente se o numeral for acompanhado de substantivo.
– Todos os dez alunos foram suspensos.
– Todos dez foram suspensos.
4) Todo: Diante do pronome indefinido todo, usa-se o artigo ao indicar totalidade, caso o termo posterior o exija. Não se usa o artigo ao indicar generalização.
Se o termo posterior não exigir artigo, este não será utilizado, mesmo que haja indicação de totalidade.
– Todo o país participou da greve. (O país todo, inteiro.)
– Todo país sofre por algum motivo. (Qualquer país, todos os países.)
– Todo Portugal aprecia vinho. (O substantivo Portugal não admite artigo)
5) Cujo: O pronome relativo cujo indica que o substantivo anterior a ele possui o substantivo posterior a ele. Este exige artigo. Ocorre, porém, contração entre o pronome cujo e o artigo:
cujo + o = cujo;
cujo + a = cuja;
cujo + os = cujos;
cujo + as = cujas.
Por exemplo:
– As bolsas das mulheres desapareceram.
Nessa frase há a indicação de posse (as mulheres possuem as bolsas). Pode-se, então, usar o pronome cujo, que ficará entre o possuidor – mulheres – e o possuído – bolsas: As mulheres cujas bolsas. Ocorre a contração do pronome cujo com o artigo as.
– As mulheres cujas bolsas desapareceram ficaram revoltadas. (e não cujo as bolsas.)
6) Pronomes Possessivos: Diante de pronomes possessivos adjetivos, o uso do artigo é facultativo. Se for pronome possessivo substantivo, o artigo será obrigatório.
Pronome adjetivo é o que acompanha substantivo. Ex.:
– Encontrei seu irmão hoje.
– Encontrei o seu irmão hoje.
Observe que o pronome seu acompanha o substantivo irmão, então classifica-se como pronome adjetivo.
Pronome substantivo é o que substitui substantivo.
– Não falei do irmão dele, e sim do seu.
Observe que o pronome possessivo seu não está acompanhado de substantivo, então se classifica como pronome substantivo.
Não há artigo, porém, nas expressões de meu e de seu natural, cujos significados são, respectivamente, os meus bens e qualidades naturais.
– Nada tenho de meu que me seja indispensável.
– As mulheres e o que há de seu natural me fascinam.
7) Nomes de pessoas: Diante de nome de pessoas, usa-se artigo para indicar afetividade ou familiaridade, podendo, no entanto ser omitido.
– O Juvenal mandou uma carta a Bolsonaro.
Se o nome estiver no plural, o artigo será obrigatório:
– Os Cavalcantis formam a família mais numerosa do Brasil; mais do que os Silvas e os Souzas.
– A saga dos Maias, família portuguesa, está contada na obra Os Maias, de Eça de Queirós.
8) Títulos e formas de tratamento: Não se usa artigo antes de pronomes de tratamento e das formas reduzidas dom, frei e são.
Exceções: dona, senhora, senhorita, madame, senhor, os quais são determinados pelo artigo.
– Vossa Excelência pode receber agora D. Joaquim?
– Lembrei-me de Sua Excelência, o prefeito.
– O senhor pode receber agora a dona Joaquina?
9) A palavra casa: Só se usa artigo diante da palavra casa (lar, moradia), se a palavra estiver especificada.
– Saí de casa há pouco.
– Saí da casa do Gilberto há pouco.
Se, porém, significar prédio, estabelecimento, haverá o artigo.
– Depois do falecimento do pai, a casa passou a ser administrada pelo primogênito.
10) A palavra terra: Se a palavra terra significar chão firme, só haverá artigo, quando estiver especificada.
Se significar planeta, usa-se com artigo.
– Os marinheiros voltaram de terra, pois irão à terra do comandante.
– Os astronautas voltaram da Terra.
11) Topônimos (Nomes de lugar):
A) Nomes de cidades: a maioria não têm artigo, porém “o Rio de Janeiro, o Recife, a Lapa, o Cairo, o Porto” têm. Se o nome de cidade estiver especificado, usa-se o artigo.
– Estive em São Paulo, ou melhor, estive na São Paulo de Mário de Andrade.
Obs.: Modernamente alguns autores estão admitindo a ausência de artigo diante do nome da cidade Recife.
B) Nomes de estados brasileiros:
Com artigo: o Rio Grande do Sul, o Paraná, o Rio de Janeiro, o Espírito Santo, o Ceará, o Rio Grande do Norte, o Piauí, o Pará, o Maranhão, o Amazonas, o Acre, o Amapá, a Bahia, a Paraíba,
Sem artigo: Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rondônia, Roraima.
C) Nomes de países e continentes: alguns têm o uso do artigo facultativo. São eles:
– África ou a África,
– Ásia ou a Ásia,
– Europa ou a Europa,
– Espanha ou a Espanha,
– França ou a França,
– Holanda ou a Holanda,
– Inglaterra ou a Inglaterra.
12) Nomes de jornais, revistas, obras literárias, trabalhos artísticos: Pode-se, facultativamente, combinar com preposição o artigo que faz parte do nome de jornais, revistas, obras literárias, usando-se o apóstrofo.
– Li a notícia n’O Estado de São Paulo.
– Li a notícia em O Estado de São Paulo.
– A adaptação d’Os Maias na televisão brasileira…
– A adaptação de Os Maias na televisão brasileira…
13) Fortalecimento das características de um substantivo: A utilização do artigo indefinido aclara, enfatiza, melhor as características de um substantivo.
– Ela é de uma delicadeza sem igual.
– Falou de uma maneira que causou apreensão a todos.
– Ah! que olhar! Um olhar de menina num corpo de mulher.
14) Aproximação: A utilização do artigo indefinido diante de um numeral denota aproximação.
– Eram umas duas horas quando ele chegou.
– Havia umas duzentas pessoas no protesto.
15) Antes de pronome indefinido: Não se deve utilizar o artigo indefinido antes de pronomes com sentido indefinido, a não ser quando se exigir ênfase.
– Depois de certo tempo, tudo esclarece. (e não “Depois de um certo tempo)
– Não foi ela, e sim outra pessoa. (e não “uma outra pessoa)
– Esteve aqui um tal de Juscelino. (o artigo indefinido enfatiza o pronome de sentido indefinido)
16) Não contração de preposição com artigo: Quando a preposição se relaciona com o verbo, e não com o substantivo, não ocorre a contração entre a preposição e o artigo.
– Esse jeito meigo de a garota falar me fascina.
– Estou surpreso por o supervisor me tratar tão bem.
O mesmo ocorre com os pronomes ele, ela, eles, elas:
– Esse jeito meigo de ela falar me fascina.
Quando, porém, a preposição se relaciona com o substantivo, há a contração nos seguintes casos:
A preposição por se contrai com o, a, os, as: pelo, pela, pelos, pelas
– Irei pelo caminho que ele me indicou.
As preposições de e em se contraem com o, a, os, as e com um, uma, uns, umas: do, da, dos, das, no, na, nos, nas, dum, duma, duns, dumas, num, numa, nuns, numas.
– O funcionário duma empresa londrinense disse numa emissora de rádio…
A preposição com se contrai com os artigos a e as: coa e coas. Em ambas as palavras, há uma sílaba só, diferentemente do que ocorre com as formas verbais de coar: eu coo, tu coas, ele coa, nas quais há duas sílabas: co-o, co-as, co-a.
– Ele coa o café coa meia. (pronuncia-se “Ele co-a o café kwa meia”)
A preposição a se contrai com os artigos a e as formando crase: à, às.
– Obedeça às regras.
– Paguei a dívida à empresa.
A preposição desde não se contrai com os artigos: desde o, desde a, desde os, desde as.
– Desde a época do descobrimento.
17) Em expressões de tempo:
A) Em nomes de meses, só se usa artigo se houver qualificativo:
– Em setembro, irei à Europa.
– Em um setembro vibrante, estive na Europa.
B) Antes de datas, em geral não se usa artigo:
– Nasci em 27 de fevereiro de 1959.
Em datas célebres ou em atas, porém, pode-se usar o artigo.
– Aos 14 de fevereiro de 2019, os sócios se reuniram para deliberarem…
– O 19 de novembro já não é comemorado.
C) Os dias da semana são precedidos de artigo quando enunciados no plural. No singular, tanto o artigo quanto a preposição que o precede são opcionais.
– Aos domingos vou à missa.
– Às segundas-feiras comento sobre gramática na rádio CBN.
– Domingo irei lá.
– No domingo irei lá.