Usos da vírgula
Emprego da vírgula no período simples:
Não se emprega a vírgula:
Entre o sujeito e o predicado:
– Um número grande de pais pediu o retorno das aulas.
Entre o verbo e o seu complemento:
– Os alunos receberam as instruções adequadas.
– Todos os professores estão preparados!
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Observação: Em alguns raros casos, quando o complemento é deslocado para o início da oração, pode ocorrer ambiguidade. Nesse caso, pode-se usar a vírgula para clareza de sentido. Por exemplo:
– Os criminosos os policiais mataram.
Não há clareza quanto a qual termo é o sujeito: Os policiais mataram os criminosos ou os criminosos mataram os policiais?
Há três maneiras de esclarecer:
Supondo que o termo “os policiais” seja o sujeito:
1- Usando a ordem direta: Os policiais mataram os criminosos.
2- Usando a preposição “a” antes do complemento: Aos criminosos os policiais mataram.
3- Usando vírgula para destacar o complemento deslocado: Os criminosos, os policiais mataram.
Entre o nome e o complemento nominal ou o adjunto adnominal:
– Estamos à procura de profissionais competentes.
– Todos os trabalhos dos alunos foram aprovados.
Quando o adjunto adverbial e o predicativo estiverem depois da estrutura SUJEITO-VERBO-COMPLEMENTO:
– Os homens aguardavam a chegada do socorro naquela tarde ansiosos.
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Se, porém, o adjunto adverbial estiver no início da oração ou entre os termos dela, a vírgula será usada. Modernamente, porém,a vírgula é considerada opcional, principalmente se o adjunto adverbial for curto:
– Naquela tarde os homens aguardavam a chegada do socorro ansiosos.
– Naquela tarde, os homens aguardavam a chegada do socorro ansiosos.
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Se o predicativo do sujeito estiver no início da oração ou entre os termos dela, a vírgula será usada:
– Ansiosos, os homens aguardavam a chegada do socorro naquela tarde.
– Os homens, ansiosos, aguardavam a chegada do socorro naquela tarde.
Nessa frase, se o adjetivo “ansiosos” não for isolado pelas vírgulas, haverá mudança sintática e semântica. Observe:
– Os homens, ansiosos, aguardavam a chegada do socorro naquela tarde.
A função sintática é a de predicativo do sujeito. Todos os homens que lá estavam esperavam a chegada do socorro e estavam ansiosos. O adjetivo é explicativo.
– Os homens ansiosos aguardavam a chegada do socorro naquela tarde.
A função sintática é a de adjunto adnominal. Há homens ansiosos e homens não ansiosos. Somente os homens ansiosos aguardavam a chegada do socorro.
Isso acontece quando o adjetivo estiver imediatamente depois do substantivo qualificado por ele.
Quando se trata de separar termos de uma mesma oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
Para isolar adjuntos adverbiais deslocados:
– A maioria dos alunos, durante as férias, viajam.
Se o adjunto adverbial for representado por um advérbio ou por uma locução adverbial, a vírgula será opcional, principalmente se a oração não for extensa:
– Ontem me encontrei com Flaviani.
– Ontem, encontrei-me com Flaviani.
Para separar elementos coordenados:
– O sofá, as poltronas, a mesa de centro e as cadeiras estavam desalinhados.
Para isolar os objetos pleonásticos:
– Os meus amigos, sempre os respeito.
Para separar palavras ou expressões explicativas como “isto é, por exemplo, de fato, a saber, ou melhor, melhor dizendo, assim, aliás, ou seja…”
– Foi, de fato, um acontecimento importante.
Para isolar o aposto explicativo:
– Londrina, a quarta cidade do Sul do Brasil, é aprazibilíssima.
Para isolar o vocativo:
– Alberto, traga minhas anotações até aqui!
Para indicar a elipse do verbo (zeugma):
– Ela prefere filmes românticos; o namorado, de aventura. (o namorado prefere filmes de aventura)
Para separar, nas datas, o lugar:
– Londrina, 1º de agosto de 2020.
Emprego da vírgula no período composto:
Período composto por coordenação:
Para separar orações intercaladas ou interferentes:
– Assim que puder, disse o rapaz, farei a reforma.
Para separar as orações coordenadas assindéticas:
– O aluno não participou da aula, não respondeu às questões, não trouxe o material…
Em alguns ambientes sintáticos, as orações coordenadas assindéticas podem ser separadas por ponto e vírgula
Para separar as orações coordenadas sindéticas adversativas, explicativas e conclusivas:
– Fez o que o pai pedira, mas apresentou muita má vontade.
– Estude, pois o conhecimento é essencial.
– É uma pessoa resoluta, portanto decide com rapidez.
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A conjunção coordenativa conclusiva “pois” deve ficar entre vírgulas:
– É uma pessoa resoluta, pois, decide com rapidez.
– É uma pessoa resoluta. Decide, pois, com rapidez.
– É uma pessoa resoluta. Decide com rapidez, pois.
As conjunções coordenativas adversativas e conclusivas podem estar intercaladas. Se assim ocorrer, ficam entre vírgulas.
Podem, também, iniciar o período. Nesse caso, a vírgula será opcional.
Podem, enfim, finalizar o período. A vírgula é obrigatória.
– A lei era clara. Os candidatos, porém, não a respeitaram.
– A lei era clara. Porém candidatos não a respeitaram.
– A lei era clara. Porém, candidatos não a respeitaram.
– A lei era clara. Os candidatos não a respeitaram, porém.
– Os alunos prepararam-se muito bem. Estão, portanto, prontos para o exame.
– Os alunos prepararam-se muito bem. Portanto estão prontos para o exame.
– Os alunos prepararam-se muito bem. Portanto, estão prontos para o exame.
– Os alunos prepararam-se muito bem. Estão prontos para o exame, portanto.
Emprega-se geralmente a vírgula antes da oração coordenada sindética aditiva iniciada pela conjunção e quando houver sujeitos diferentes ou quando houver a repetição da conjunção (polissíndeto):
– Ela irá no primeiro avião, e seus filhos, no próximo.
– Ele falava, e gritava, e pulava, e gesticulava, e se esperneava como um louco.
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O emprego da vírgula antes de “e”, quando houver sujeitos diferentes não é obrigatória; é mais recomendada para evitar ambiguidade ou para anunciar uma pausa necessária ao contexto, ou seja, é mais estilística do que gramatical.
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A conjunção “e” pode ser também adversativa:
– Ela aceitou as desculpas, e seus olhos prometiam vingança.
Nessa frase, a conjunção “e” tem o mesmo valor de “mas“, portanto há de haver a vírgula.
Nem … nem, não só … mas também, e sim, mas sim, não apenas … mas ainda, ou … ou, ora … ora
Esses elementos são comumente marcados por vírgula.
– Nem os alunos, nem os professores estão contentes com a situação.
– Não diga que não está preparado, e sim que pode melhorar.
– Não só os pobres, mas os ricos também sofrem com a epidemia.
– Ou estou ficando surdo, ou você está falando baixo demais.
As orações coordenadas sindéticas alternativas não são separadas pela vírgula, a não ser que haja repetição da conjunção ou necessidade de pausa:
– Decida-se! Entre logo ou saia de uma vez!
– Ou entre, ou saia!
– Ora ri, ora chora.
– Quer queira, quer não queira, fará o que prometeu.
.Cuidado com orações subordinadas coordenadas entre si. Observe o seguinte:
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– Ele disse que a irmã iria à missa e o irmão, ao futebol.
Nessa frase não há a vírgula antes de “e” porque as orações não são somente coordenadas, mas sim subordinadas coordenadas entre si. Analisemo-las:
O verbo dizer exige complemento sem preposição, pois “quem diz, diz algo”. Na frase apresentada, há dois complementos:
Ele disse …
… que a irmã iria à missa;
… que o irmão iria ao futebol
A frase completa, portanto é esta:
– Ele disse que a irmã iria à missa e que o irmão iria ao futebol.
Ocorre, porém, que a segunda conjunção integrante “que” foi retirada da frase. Em se acontecendo isso, não se separam as orações por vírgula.
A retirada do verbo para evitar sua repetição, o que é denominado de zeugma, exige a vírgula.
Período composto por subordinação:
Orações subordinadas substantivas: não se separam por vírgula.
– É evidente que o culpado é o mordomo.
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A oração subordinada substantiva apositiva comumente é separada da principal por dois-pontos:
– Sabe-se com certeza apenas uma coisa: que a morte acontecerá.
Orações subordinadas adjetivas: só a explicativa é separada por vírgula.
– Londrina, que é a quarta cidade do Sul do Brasil, é aprazibilíssima.
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A oração subordinada adjetiva restritiva não é separada por vírgula:
– Os funcionários que entraram em greve são os que participavam do sindicato.
Orações subordinadas adverbiais: são separadas por vírgula se estiverem no início ou no meio do período. Se estiverem no final, pode-se usar a vírgula, principalmente se se quiser destacar a oração..
– Assim que chegarem as encomendas, começaremos a trabalhar.
– Começaremos, assim que chegarem as encomendas, a trabalhar.
– Começaremos a trabalhar assim que chegarem as encomendas.
– Começaremos a trabalhar, assim que chegarem as encomendas.