É muito comum em nossa região o uso do verbo gear inadequadamente. Vejamo-lo:
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O primeiro ponto a ser estudado é sua característica impessoal, ou seja, é um verbo que não tem sujeito por indicar um fenômeno da natureza. Esses verbos – os impessoais – são conjugados somente na terceira pessoa do singular. Por exemplo:
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– Geava todo ano antigamente.
– Geou em todo o estado.
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Sua conjugação segue à dos verbos terminados em -ear, que tem as seguintes regras:
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1) As formas rizotônicas têm um i logo após o radical.
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Formas rizotônicas são as que têm a sílaba tônica dentro do radical, ou seja, antes da terminação ar, er ou ir. São elas: eu, tu, ele e eles do presente do indicativo – tempo caracterizado pela frase “Todos os dias…” – e do presente do subjuntivo – tempo caracterizado pela frase “Espero que…”. Por exemplo:
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– Todos os dias eu passeio, tu passeias, ele passeia, eles passeiam.
– Espero que eu passeie, que tu passeies, que ele passeie, que eles passeiem.
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2) As formas arrizotônicas não têm um i logo após o radical.
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Formas arrizotônicas são as que têm a sílaba tônica fora do radical. São todas as formas verbais, com exceção das rizotônicas.
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– Ontem eu passeei, ele passeou, nós passeamos, eles passearam.
– Espero que nós passeemos.
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O verbo gear, portanto, é assim conjugado:
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– Todos os anos geia – presente do indicativo
– Espero que não geie – presente do subjuntivo
– Ontem geou; anteontem já geara – pretérito perfeito do indicativo / pretérito mais-que-perfeito do indicativo
– Naquela época geava todo ano – pretérito imperfeito do indicativo
– Geará amanhã – futuro do presente
– Gearia – futuro do pretérito
– Se geasse – pretérito imperfeito do subjuntivo
– Quando gear – futuro do subjuntivo
– Tem geado – particípio
– Está geando – gerúndio
– Era para gear – infinitivo
A inadequação comum é usar a forma verbal gia, inexistente. O adequado é geia.