Salário-família ou salário família? – Gramática On-line

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Salário-família ou salário família?

Esses dias, um ex-aluno, hoje administrador de empresa, perguntou-me qual deveria ser o plural de “salário-família”. Disse-me ele lembrar-se de eu lhe haver ensinado que, quando houver um substantivo composto formado por dois substantivos, em que o segundo indique tipo ou finalidade do primeiro, somente se pluraliza o primeiro elemento. E teceu vários exemplos: “pombos-correio”, “saias-balão”, “navios-escola”, etc. Disse-me, porém, que, para garantir o acerto, pesquisou num dicionário de última geração e encontrou duas possibilidades: “salários-família” e “salários-famílias”. O dicionário estaria errado?

 

Pois é, meu amigo administrador. O dicionário não está errado. O que ocorre é que essa regra sofreu uma grande mudança. Antigamente, só se pluralizava o primeiro elemento dentre dois substantivos unidos por hífen em que o segundo indique tipo ou finalidade do primeiro. O dicionário Aurélio, porém, desde a década de 1980, admite dupla pluralização. Aos poucos, outros dicionários e gramáticos passaram a aceitar o mesmo, e, há bem pouco tempo, o Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), o documento oficial de nosso idioma, que registra as palavras existentes na LP, também “entrou na dança” e aceitou a dupla pluralização:

 

– pombos-correio / pombos-correios

– saias-balão / saias-balões

– salários-base / salários-bases

– salários-hora / salários-horas

– salários-família / salários-famílias

– bananas-maçã / bananas-maçãs

– bananas-prata / bananas-pratas

– laranjas-pera / laranjas-peras

– laranjas-lima / laranjas-limas

 

O Volp, porém, registra apenas navios-escola e bananas-ouro.

 

Por outro lado, os substantivos compostos banana-nanica e salário-mínimo têm tão somente um plural: bananas-nanicas e salários-mínimos. Não são exceções à regra, caro leitor, mas sim substantivos compostos formados por substantivo e adjetivo, e não por dois substantivos, como os enumerados acima. Quando isso ocorrer, os dois elementos se pluralizam:

 

– amores-perfeitos

– ervas-doces

– cafés-solúveis

– bananas-nanicas

– salários-mínimos

Em tempo: salário-mínimo é o substantivo que se refere ao trabalhador que recebe salário mínimo.

 

Quando, finalmente, houver uma preposição (de, a, etc.) entre os dois substantivos, somente o primeiro se pluralizará:

 

– pimentas-do-reino

– barcos a vela

– pés de moleque (o doce)

– olhos de sogra (o doce)

– canas-de-açúcar

– bananas-da-terra

– laranjas-da-baía

– paus-d’alho

– caixas-d’água

 

Alguns devem estar perguntando-se: por que uns com hífen, e outros, sem?

 

Usa-se hífen em palavras compostas que formam espécies botânicas ou zoológicas, tenham duas, três ou mais palavras.

 

Não se usa hífen em locuções em geral, formadas por dois substantivos entremeados por uma preposição, com exceção das seguintes palavras:

 

– água-de-colônia

– arco-da-velha

– cor-de-rosa

– pé-de-meia

– dos que têm apóstrofo entre o “d” e a vogal subsequente e das espécies botânicas e zoológicas. Por isso barco a vela, pé de moleque e olho de sogra não têm hífen, mas pimenta-do-reino, cana-de-açúcar, banana-da-terra, laranja-da-baía, pau-d’alho e caixa-d’água têm.