Usos do infinitivo – Gramática On-line

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Usos do infinitivo

Usos do infinitivo:


O infinitivo é forma nominal do verbo e pode apresentar-se flexionado e não flexionado.

 

O estudo do infinitivo na Língua Portuguesa é bastante complexo, já que, em alguns casos, ele deve ser flexionado, em outros, ele pode ser flexionado, e em outros ainda ele não se flexiona.

 

Será denominado flexionado quando possuir desinência verbal, que são as seguintes:

 

-es, para a segunda pessoa do singular (tu),

-mos, para a primeira pessoa do plural (nós),

-des, para a segunda pessoa do plural (vós)

-em, para a terceira pessoa do plural (eles, elas).

 

A primeira pessoa do singular (eu) e a terceira pessoa do singular (ele, ela) são representadas pelo infinitivo não flexionado.

 

Era para eu cantar

Era para tu cantares

Era para ele cantar

Era para nós cantarmos

Era para vós cantardes

Era para eles cantarem

 

O infinitivo flexionado, nas conjugações dos verbos regulares, é idêntico ao futuro simples do subjuntivo.

 

O futuro do subjuntivo participa de orações iniciadas comumente pela conjunção se ou pela conjunção quando ou ainda por expressões como assim que…, sempre que…, indicando hipótese condicional ou temporal.

 

O infinitivo, de orações iniciadas comumente por preposição (a, de, para, por…), indicando significado declarativo. Por exemplo:



Infinitivo:

 

– Era para eles chegarem mais cedo.

– Ao nos aproximarmos da casa, percebemos que havia problemas.

– Eles se preocuparam por não falarem o que estava acontecendo.

 

Futuro do subjuntivo:

 

– Se eles chegarem mais cedo, participarão da abertura do evento.

– Quando nos aproximarmos da casa, saiam correndo.

– Sempre que falarem com ele, tomem muito cuidado com o que irão dizer.


Infinitivo Flexionado


O infinitivo flexionado sempre será pessoal, pois a flexão determina quem é o sujeito.

 

Usa-se o infinitivo flexionado nos seguintes casos:


1) Quando o sujeito for claro, ou seja, quando surgir um pronome ou um substantivo escrito na mesma oração do verbo, funcionando como sujeito dele:

 

– Não é necessário vocês chegarem mais cedo.

– Não mediremos esforços para vós serdes bem atendidos.

 

Obs.: Mesmo não sendo claro o sujeito, pode-se flexionar o infinitivo: (Observe que a flexão deixa a frase mais elegante. Em alguns casos, se não houver a flexão, ocorrerá ambiguidade)

 

– Não é necessário chegarem mais cedo.

 

O sujeito não está escrito na oração, mas torna-se claro que a ação é direcionada a mais de um elemento: vocês.

 

– Está na hora de começarmos o trabalho.

 

Se não houver a flexão ocorrerá ambiguidade:

 

– Está na hora de começar o trabalho. Quem? eu, você, ele, nós?)


2) Quando o sujeito do verbo no infinitivo for diferente do sujeito do verbo da outra oração.

 

– Meninos, vejo estarem atrasados mais uma vez.

– Falei a eles sobre a vontade de deixarmos o time.


3) Quando regido de preposição, se iniciar o período:

 

Para conseguirmos isso, precisaremos de muito esforço.

Ao vermos que ela se recuperou tão rapidamente, ficamos assustados.

 

Obs,: O infinitivo será flexionado ou não, quando antecedido de preposição e não fizer parte de locução verbal ou de perífrase verbal, mas for núcleo de oração subordinada reduzida e não estiver no início do período:

 

– Ergam-se, soldados, para pelejar contra os inimigos.

– Ergam-se, soldados, para pelejarem contra os inimigos.

 

A oração iniciada por “para” é adverbial final reduzida de infinitivo.


4) Se houver voz reflexiva ou voz passiva ou se o verbo for pronominal:

 

– Basta a elas que se olhem para se entenderem.

– Os amantes temiam serem vistos juntos.

– Os corruptos deveriam ser castigados até se arrependerem.


5) Quando o sujeito for indeterminado:

 

– Eu estava lendo, quando ouvi arrombarem a porta.


6) Com o verbo parecer, quando o sujeito estiver no plural:

 

– As borboletas parece bailarem.

 

Obs.: Nessa frase, há período composto com duas orações:

  • Oração principal: Parece.
  • Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo: As borboletas bailarem (= que as borboletas bailam)

 

Obs.: Há também a possibilidade de se usar o infinitivo não flexionado, se “parecer” concordar com o sujeito:

 

– As borboletas parecem bailar.

 

Obs.: Nessa frase, há período simples com locução verbal (parecem bailar)


Infinitivo não flexionado


O verbo no infinitivo não flexionado pode ser pessoal ou impessoal.

 

Será pessoal, quando, no contexto, houver o elemento a que o verbo se refere. Por exemplo:

 

– Sofri muito naquela época. Era penoso estudar.

 

Está claro que “estudar” se refere à primeira pessoa do singular “eu”. Está, portanto, no infinitivo pessoal.

 

– No Brasil, acreditava-se, naquela época, que o trabalho era imprescindível e o estudo, secundário. Àqueles dotados de inteligências linguística e lógico-matemática era penoso estudar, pois muitos os tachavam de preguiçosos.

 

Agora, o sujeito de “estudar” é pessoal e indeterminado, pois alguém estudava, mas não há determinação de quem seja.

 

Será impessoal, quando indicar uma “abstração que se opera no plano das ideias, não diretamente na realidade”. Por exemplo:

 

– É preciso salvar os idosos.

 

Ninguém salvará os idosos, mas há a possibilidade de políticas de assistência para que eles tenham uma vida melhor.


 

Usa-se o infinitivo não flexionado nos seguintes casos:


1) Quando for impessoal (sem sujeito – sujeito inexistente), ou seja, quando houver uma ação genérica, sem determinar a existência de um sujeito.

 

– “Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição

De morrer pela pátria e viver sem razão”


2) Como verbo principal de locução verbal, ou nas formações denominadas de perífrases verbais, em que há preposição entre os verbos:

Perífrase, segundo o dicionário Houaiss é “frase ou recurso verbal que exprime aquilo que poderia ser expresso por menor número de palavras”.

 

– Os alunos podem sair mais cedo hoje.

– Eles não devem fazer isso!

– Vocês continuam a se encontrar às escondidas?

– Eles acabaram de sair daqui.

– Vocês tinham de requerer oficialmente isso.

– Havemos de conseguir a aprovação.

 

Obs.: Numa locução verbal ou perífrase verbal, o infinitivo é impessoal, pois não determina a existência de um sujeito. O verbo que faz isso é o auxiliar.


3) Sujeito acusativo:

Quando o verbo da oração principal for causativo (fazer, mandar, deixar…) ou sensitivo (ver,  sentir, ouvir…) e o complemento desse verbo for uma oração cujo verbo esteja no infinitivo ou no gerúndio, chamamos o sujeito do infinitivo ou do gerúndio de sujeito acusativo.

 

Se o sujeito acusativo for um pronome oblíquo átono (me, te, se, o, a, nos, vos, os, as) ou um substantivo singular, usa-se o infinitivo não flexionado:

 

– Mandei o garoto sair de lá.

– Mandei-o sair de lá.

– Mandei-os sair de lá.

– Mandaram-nos sair de lá.

Obs.: Se o sujeito acusativo for um substantivo plural, pode-se usar tanto o infinitivo flexionado quanto o infinitivo não flexionado:

 

– Mandei os garotos sair.

– Mandei os garotos saírem.

4) Quando o infinitivo estiver com valor de substantivo em frases genéricas:

 

Navegar é preciso, viver não é preciso. (A navegação é necessária; a vida, não)

 

Obs.: Evanildo Bechara, em sua Moderna Gramática Portuguesa, 39ª edição, pág. 456, registra isto:

“… o infinitivo (…) funciona também como substantivo:

 

Querer é poder.

Escrever é um ato de cultura.


5) Quando um adjetivo ou um substantivo abstrato regerem preposição com verbo no infinitivo, este não se flexionará, a não ser que haja reflexibilidade ou voz passiva.

 

– São casos difíceis de solucionar.

As crianças têm necessidade de beber muita água.

Estamos dispostos a tentar novamente.

 

Obs.: Se houver voz reflexiva ou voz passiva, é mais comum flexionar-se o infinitivo:

 

– Eles são incapazes de se amarem.

– Eles falam baixo demais, pois têm medo de serem ouvidos.


6) Quando se der ao infinitivo valor de imperativo (ordem, pedido, conselho, apelo):

 

– Soldados, recuar!


7) Quando o infinitivo tem o mesmo sujeito da oração principal:

 

– Os que me destrataram não ousaram olhar para mim.

– Evitem prometer o que não sabem se é viável.