Brasil paralisa negociações para a vinda de seis mil médicos cubanos – Gramática On-line

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Brasil paralisa negociações para a vinda de seis mil médicos cubanos

            Preposição é uma palavra invariável que, conforme definição do dicionário português Priberam, serve para unir duas outras palavras indicando a relação que existe entre elas. As preposições essenciais são as seguintes: por, para, perante, a, ante, até, após, de, desde, em, entre, com, contra, sem, sob, sobre e trás.

 

Por exemplo, a preposição para, que, dentre outras relações, segundo o dicionário Aurélio eletrônico, introduz o complemento terminativo de verbos, substantivos e adjetivos que encerram ideia de direção, destino, fim, objetivo, relação. É o que ocorre com a frase apresentada no título desta coluna. Ocorre, porém, que, ao analisar mais detalhadamente a oração, percebe-se a possibilidade de dupla interpretação em virtude da má localização da preposição.

 

Quais as palavras ligadas pela preposição? paralisa e vinda ou negociações e vinda? Ambas as ligações são possíveis. Vejamos:

 

            A primeira interpretação é a de que a preposição para se liga ao verbo paralisar, indicando o objetivo de se paralisarem as negociações, ou seja, a de que as negociações foram paralisadas a fim de que houvesse a vinda de seis mil médicos cubanos. A segunda interpretação é a de que a preposição para se liga ao substantivo negociações, indicando o objetivo delas: a vinda de seis mil médicos cubanos; e que essas negociações foram paralisadas.

 

            Depois de ler a reportagem, chega-se à conclusão de que a interpretação adequada é a segunda delas: Negociações para a vinda de seis mil médicos cubanos foram paralisadas. Assim que a frase deveria ser estruturada. A inadequada localização da preposição causou um “ruído” na comunicação, o que consiste em ocasionar perda de informação na transmissão da mensagem.

 

            Outro problema existente na frase apresentada é a falta do artigo diante do substantivo negociações. A retirada dele muda o sentido da frase, pois ele serve para definir o substantivo, para especificá-lo, e sua ausência estabelece um sentido genérico ao substantivo. Por exemplo, nas seguintes frases:

 

– Durante a aula, o professor falou sobre regras de concordância.

– Durante a aula, o professor falou sobre as regras de concordância.

 

A diferença de sentido é a de que, na primeira frase, o professor falou sobre algumas regras de concordância, genericamente; e, na segunda, sobre todas as regras de concordância, especificamente.

           

Na frase apresentada, além da ambiguidade já discutida, a falta de artigo indica que foram paralisadas algumas negociações, não todas. A frase, sem ambiguidade nem generalização, deveria ser assim escrita:

 

As negociações para a vinda de seis mil médicos cubanos foram paralisadas.

 

            Aproveitando o espaço, analisemos uma questão ortográfica da frase vista: o verbo paralisar. Certamente muitas pessoas escrevem esse verbo com z, inadequadamente. Escrevem-se com s os verbos terminados em isar quando a letra s pertencer à palavra primitiva, ou seja, àquela que deu origem ao verbo. Por exemplo:

 

– análise – analisar

– paralisia – paralisar

– catálise – catalisar.

 

Escrevem-se com z os verbos terminados em izar quando a palavra primitiva não tiver a letra s no fim de seu radical:

 

– economia – economizar

– horror – horrorizar

– simpatia – simpatizar

 

            Algumas palavras trazem um pouco mais de dificuldade:

 

– batismo – batizar

– catequese – catequizar

– síntese – sintetizar

– hipnose – hipnotizar.

 

O que ocorre com elas é o seguinte: em batismo e catequese, a letra s não pertence ao radical da palavra primitiva, mas sim aos sufixos -ismo e -ese; os radicais são bat- e catequ-; a eles se acrescenta o sufixo -izar. Sintetizar e hipnotizar não provêm de síntese e hipnose, e sim de sintético e hipnótico; os radicais são sintet- e hipnot-; a eles se acrescenta o sufixo -izar.