Se você fosse sincera (…) Veja só que bom que era… – Gramática On-line

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Se você fosse sincera (…) Veja só que bom que era…

Nessa marchinha de carnaval, certamente os autores, Mário Lago e Roberto Roberti, se valeram do que denominamos de licença poética, que permite que compositores e poetas usem a linguagem despreocupada do dia a dia, desprezando a gramática normativa. Usaram a estrutura verbal “era” para rimar com “sincera”. Se, porém, quisessem construir uma estrutura sintática conforme o padrão culto da língua, teriam de rejeitar o tempo verbal denominado de pretérito imperfeito do indicativo (era) e preferir o futuro do pretérito do indicativo (seria). Vejamos a explicação:

 

Numa frase formada por duas orações (onde haja dois verbos, cada um apresentando uma ocorrência distinta da outra), se uma delas for iniciada pela conjunção “se”, indicadora de condição, e o verbo tiver a desinência “-sse-“, que caracteriza o tempo denominado de pretérito imperfeito do subjuntivo, a outra oração deverá apresentar um verbo que tenha a desinência “-ria-“, que caracteriza o tempo denominado de futuro do pretérito do indicativo: (Se / …sse… / …ria…). Veja alguns exemplos:

 

– Se eu fosse você, eu leria mais livros. (É inadequado ao padrão culto da língua o uso de “lia” nessa frase)

– Se ele acordasse mais cedo, não se atrasaria todos os dias. (É inadequado ao padrão culto da língua o uso de “atrasava” nessa frase)

 

Na composição musical apresentada, em virtude da licença poética de que se valeram os autores, há a inadequação no uso de “era”, pois há a conjunção condicional “Se” e a desinência “-sse-“. O verbo “ser”, portanto, tem de apresentar a desinência “-ria-“: “seria”:

 

– Que bom seria se você fosse sincera, Aurora!”.